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Conheça 'O Espectro de Iks'

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O Espectro de Iks já está disponível na Amazon por este link ! Iks se adaptou completamente a um mundo impossível de se adaptar. Um mundo em que as poucas pessoas que sobraram andam por becos em roupas pesadas e máscaras ao ar livre para se proteger do vento. Mesmo assim, Iks era feliz. Trabalhava em um lugar que lhe permitia sentir o Sol na pele, ver a vida florescer e ser colhida, para à noite escapar e assistir filmes antigos. Era sua rotina perfeita, até o dia em que um acidente mudou tudo. Nesta história sobre a vida de qualquer pessoa, sobre as escolhas que fazemos e aquelas que são inevitáveis, Iks vê a cidade em que mora, com todas suas memórias, se fechar ao seu redor sem poder fazer nada. Iks descobre que se adaptar não é uma escolha, é uma parte fundamental da vida. O Espectro de Iks é um romance de ficção especulativa do autor Guilherme L. A. Pimenta já disponível para leitura no Amazon Kindle. A obra, escrita em 2014 e publicada originalmente em 2016, foi to...

Eu morro de medo de morrer

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  ATENÇÃO: Spoilers de A Vida de Chuck Toda conversa sobre morte tem um argumento recorrente: “Não tenho medo de morrer, porque se eu já tiver morrido não vai fazer diferença. Quem sofre é quem tá vivo.” É uma ideia de que, se houver vida após a morte, ótimo. Se não houver, não vou saber mesmo. Certo, eu entendo o ponto. Entendo mesmo. É lógico. Faz sentido. Tem seu mériE DAÍ CACETE EU TENHO MEDO MESMO ASSIM Calma. O problema é que não importa o ângulo, a ideia inevitável da morte sempre me assombrou. E quem me fez entender, sintetizar e formatar o meu medo não foi um filósofo clássico, Buda ou Jesus. Foi John Green. Pois é. Em A Culpa é das Estrelas , o personagem Augustus Waters fala sobre o medo do esquecimento . Essa é daquelas traduções que incomodam, porque não existe exatamente uma palavra em português para passar a ideia do que ele diz originalmente: “I fear oblivion, I fear it like the proverbial blind man who's afraid of the dark.” Oblivion não é exatamente...

Aquele do Macaulicalque

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— …vando? Xeu ver… Tá gravando sim. Podemos começar, então. — Uhum. — Então, Dona Almira, acho que posso começar pela pergunta que todo mundo se faz quando pensa na senhora. Quando foi que a senhora percebeu, como dizer, se deu conta de que é imortal? — Ah. Difícil dizer, moço. Porque, né, não dá pra dizer que eu sou imortal. É o que o povo fala, mas eu fico pensando que não é porque eu não morri que eu num vou morrer, né? Pode acontecer amanhã, até hoje. A qualquer momento! — Mas a senhora está tão bem… — Rá, rá, os médicos dizem que sim, né? Meus exame tudo certim. — O diretor do hospital disse que a senhora tem os órgãos de uma pessoa de trinta anos! — É muito estranho ver todo mundo sabendo do seu corpo, né não? Discutindo uns número que eu nem sei que que serve. — Eu imagino… — Mas, ô, moço, eu tô brincando. Eu sei o que cê quer saber. E acho que foi mesmo quando eu vi aquela freira na tevê. Tava eu mais minha filha assistindo Fantástico quando fizeram uma matéria da frei...

Não é que Black Mirror ficou ruim

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Falar que algo “já não é mais bom como antigamente” é o padrão. É assim com séries, franquias de filmes, músicas, autores de livros, comediantes, podcasters ou qualquer outra coisa que possa se chamar de conteúdo no vocabulário moderno. É, ao mesmo tempo, uma soma de saturação do que já não é novo com a pressão por novidade . Escritores, cantores, atores, qualquer tipo de artista em destaque comercialmente fica preso no limbo entre ter que fazer o que já é familiar ao mesmo tempo que se renova para outros públicos. Seja igual, mas diferente. Essa não é uma equação justa. É uma panela de pressão que em algum momento vai estourar na cara de quem tenta se manter relevante no sentido comercial. A cozinha inteira fica suja e ninguém mais quer entrar para lidar com aquilo tudo. No fim, o fim é sempre o mesmo. Ou artistas são condenados por não “amadurecerem e mudarem com o público” ou são condenados por aliená-lo ao “mudar demais”. Black Mirror sofre das duas coisas. Analisar as duas última...

O pão de mel é nove

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— Bom dia, vai ser o que hoje? — Um frapuccino , por favor. E esse pão de mel aqui. Tá quanto ele? — Nove. — Hm. Só o frapuccino . — Claro. Quinze reais, pagamento? — Crédito. — Pode inserir ou aproximar. Seu nome? — Rafael. — Obrigada, Rafael. Só aguardar que vão te chamar pelo nome. — Obrigado. — Próximo? — Oi, bom dia. — Bom dia, senhora. — Nossa, tão corrido o dia hoje. — Ô. — Tá fácil pra ninguém. — Pois é. — Tá fácil não. — Qual vai ser o pedido da senhora? — Vai ser só o café. — Qual tipo vai ser? — Café. — Perdão, o tipo. A senhora quer expresso, coado, temos o cardápio aqui. — Hm. — A senhora quer ver o cardápio? — O que vocês têm? — Que tipo de café a senhora gosta? Mais tradicional, doce, frio? — Credo, café frio? — Nós temos algumas opções. — Cadê o cardápio? — Logo aqui, senhora. — Só tem isso de opção? — Tem do outro lado também, as opções mais doces. —  Ó. É mesmo. —  Frapuccino , mocaccino , tem milk-shake com café também. — Ah...

Assistindo a uma história de dentro dela

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  Este texto NÃO CONTÉM SPOILERS de nenhuma campanha do Critical Role. Como uma história se passa dentro da sua cabeça? Essa é uma pergunta que pode ter milhões de respostas se você perguntar para milhões de pessoas. Por mais similar que seja nossa biologia dentro da espécie, é impressionante a quantidade de combinações que esses negocinhos chamados neurônios conseguem fazer segundo a experiência de cada um de nós. Portanto, o que eu vou falar aqui pode não ter nada a ver com o jeito que a sua imaginação funciona. O que é o normal. Se você tem uma experiência exatamente igual a minha, não me diga. Eu tenho medo de acabar descobrindo um multiverso por acidente. Mas, enfim, neste texto eu queria falar um pouco sobre uma jornada em um mundo imaginário de mais de 3 anos. E como narrativas diferentes podem ampliar os músculos da imaginação mesmo para um cachorro velho como eu. Vem comigo! O meu jeitinho de acompanhar histórias Eu imagino que existam estudos sobre formas predominantes d...

Ninguém sofre mais do que eu

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Contém moderados spoilers de A Verdadeira Dor (2024) Dualidade, nuance e conflitos internos nem sempre são fáceis de trabalhar no cinema. Livros podem gastar páginas e páginas presos dentro da mente de um personagem, assim como a gente passa boa parte do tempo na vida real. Pensamentos que acompanhamos no nosso ritmo, com a nossa voz dentro da cabeça, sempre puxando o texto para nossas experiências pessoais. Já um filme tem geralmente entre 90 e 150 minutos para contar uma história - incluindo trama, motivações e mensagens. É muito difícil se aprofundar nos conflitos de uma pessoa no meio da corredeira rápida que é a narrativa de um longa-metragem. A história precisaria investir pesado no desenvolvimento de personagem ou ficar 10 minutos com a cena parada nos olhos do protagonista enquanto ele narra o que está pensando. Eu queria que fizessem um filme assim, só pelo inusitado. Essa limitação transformou cineastas em mestres dos símbolos e significados. Um ângulo de câmera, uma expressã...

Escapismo nem sempre é sobre escapar

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Acho que este texto vai ser curtinho. E acho que não tem spoilers demais além da premissa do filme Ghostlight . Eu só acho, tá? Tô começando a escrever agora. Provavelmente não vou revisar pra voltar aqui e consertar. É o meu incrível nível de profissionalismo. Mas vem comigo. Sempre me incomodou como o termo escapismo é pejorativo. A gente podia ficar um bom tempo aqui discutindo o motivo e chegar à conclusão óbvia: vem dessa ideia terrível de que tudo que a gente faz tem que ter um objetivo prático ou um sentido literal. E fugir disso é perder tempo. Mas isso é conversa pra outra hora. Por agora, o que eu queria falar é como o filme Ghostlight mostra que escapismo é muito mais do que ignorar algo que incomoda. É processar aquilo que parece impossível de ser processado logicamente. Tomara que eu consiga não escapar do escopo. Hã, hã. O escapismo em Ghostlight Ghostlight é um filme de 2024, escrito e dirigido por Kelly O’Sullivan, que conta a história de uma família despedaçada. Quando...